Microsseguros: a nova fronteira da resiliência financeira na América Latina e no Caribe

Inovações tecnológicas que oferecem seguros para pessoas de baixa e média renda abrem possibilidades para melhorar a estabilidade econômica de famílias e de pequenas e médias empresas (PMEs) diante de eventos inesperados.
Hoje, uma insurtech — empresa que utiliza tecnologias digitais para modernizar, agilizar e personalizar serviços de seguros — pode usar imagens de satélite para verificar e avaliar sinistros em áreas remotas, eliminando a necessidade de deslocamento de pessoal. Essas eficiências não apenas reduzem os custos operacionais e aceleram os pagamentos de indenizações, como também ampliam as possibilidades de cobertura para pequenos agricultores, cada vez mais expostos a situações econômicas adversas causadas por eventos climáticos.
E o potencial do ecossistema de insurtechs na América Latina e no Caribe vai além da agricultura, abrangendo segmentos como saúde, perda de renda, vida, funeral e seguros patrimoniais. Mas, para concretizar esse potencial, é necessário maior coordenação e esforços concentrados entre os principais atores.
O Fórum FinnLAC 2025, que será realizado em Miami nos dias 4 e 5 de novembro, representa um espaço estratégico para fomentar a coordenação e a colaboração entre os participantes do ecossistema de insurtechs. O Fórum reunirá desenvolvedores de soluções inovadoras em microsseguros, investidores, seguradoras tradicionais, reguladores e outros interessados em ampliar o acesso à proteção contra riscos por meio de apólices acessíveis.
O impacto das insurtechs na região
A taxa de penetração de seguros na América Latina e no Caribe cresceu substancialmente nos últimos anos, com aumento de 15,5% em 2022 e de 17% em 2023. Contudo, apesar de ter alcançado 3,1% do produto interno bruto (PIB) da região, esse índice ainda está bem abaixo da média global de 7% do PIB.
A lacuna regional de proteção, estimada em US$301,3 bilhões, representa uma oportunidade significativa de crescimento para as insurtechs. Ao utilizar inteligência artificial, aprendizado de máquina e plataformas digitais, essas empresas estão otimizando processos como avaliação de riscos, emissão de apólices e gestão de sinistros, tornando os seguros mais acessíveis e os pagamentos mais simples para os usuários.
Esse dinamismo se reflete claramente no crescimento dos investimentos no setor: o financiamento de insurtechs na América Latina e no Caribe atingiu US$121 milhões no primeiro semestre de 2025, superando o total investido em todo o ano de 2024.
Atualmente, cerca de 500 insurtechs operam na região. Embora algumas ofereçam seguros diretamente, quase metade está focada em fornecer soluções tecnológicas para seguradoras estabelecidas, ajudando a desenvolver produtos personalizados para segmentos tradicionalmente desatendidos.
Os esforços para atrair investimentos para o setor de insurtechs são fundamentais para seu desenvolvimento. Por isso, o BID Invest apoiou o fundo Mundi Ventures Latam com US$5 milhões em 2024, para financiar iniciativas inovadoras em seguros voltados para populações vulneráveis e PMEs.
A estratégia do BID Invest inclui o apoio a instituições de microfinanças como a Fundación Génesis Empresarial, na Guatemala. Essa organização promove o desenvolvimento de comunidades rurais e microempresas não apenas por meio de linhas de crédito, mas também com serviços essenciais como microsseguros médicos, apólices empresariais e planos de assistência técnica. Esses serviços cobrem necessidades específicas como lavouras afetadas por pragas, incapacidades temporárias por acidentes ou doenças e assistência domiciliar.
O mercado de microsseguros na América Latina e no Caribe
As insurtechs estão impulsionando o crescimento global dos seguros, aumentando o número de pessoas cobertas por microsseguros de 331 milhões para 344 milhões. Na América Latina e no Caribe, estima-se que os microsseguros beneficiem 37 milhões de pessoas — ainda menos de 10% do mercado potencial, segundo o relatório da Macroinsurance Network de 2024.
Os microsseguros de vida e acidentes são os mais demandados na região, seguidos por seguros de saúde, patrimoniais, de renda e agrícolas. Apesar de contar com subsídios de até 38%, o seguro agrícola tem uma taxa de penetração de apenas 1%.
Os microsseguros fortalecem a resiliência econômica de famílias de baixa renda e PMEs, especialmente aquelas mais expostas a riscos climáticos. As insurtechs já estão transformando o setor de seguros ao oferecer soluções digitais inovadoras, estabelecer parcerias com seguradoras tradicionais e desenvolver produtos voltados para populações historicamente desatendidas.
O próximo passo é acelerar essa transformação e aproveitar espaços como o Fórum FinnLAC 2025 para promover a colaboração em todo o ecossistema de insurtechs. Fechar a lacuna de proteção exige mais do que tecnologia — requer parcerias sólidas que gerem impacto e melhorem vidas.
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